Quem nunca viveu ou presenciou uma história de relacionamentos conturbados dentro da empresa, com conflitos entre pessoas de áreas diferentes que deveriam convergir nos objetivos e somar nas diferentes estratégias?
Se você nunca viveu isso, considere-se privilegiado. Em minhas conversas com profissionais de diferentes perfis, relatos de conflitos entre as pessoas dentro das empresas têm sido comuns, ocorrências de processos injustos de promoção, falta de sinergia e diálogo construtivo provocam grandes perdas de tempo, talento e dinheiro.
Em um mundo empresarial cada vez mais exigente e competitivo, ser consciente do seu papel social e ambiental, tem sido um grande desafio enfrentado pelas lideranças. Elaborar uma política dentro do pilar social e desenvolver um bom plano de trabalho que oriente a atuação dos profissionais na empresa vai além da visão tradicional de lucro e desempenho.
O conceito de Environmental, Social, and Governance (ESG) emergiu como um pilar fundamental para as empresas que desejam prosperar em longo prazo. No texto de hoje, que já aviso, faz parte de uma pequena série. Discuto como líderes podem ser catalisadores de uma cultura corporativa profundamente enraizada em práticas ESG. Promovendo o crescimento sustentável, a resiliência, a inovação e o desenvolvimento integral das pessoas na organização.
O Papel da Liderança no ESG
Líderes têm a responsabilidade única de definir missão, visão e valores. Quando o ESG se torna um eixo central da estratégia corporativa, líderes não apenas guiam a empresa por um caminho mais sustentável. Criam práticas que inspiram outros a seguir este exemplo.
De acordo com o Instituto Gallup, líderes que demonstram um compromisso genuíno com as práticas ESG influenciam positivamente a motivação e o engajamento de suas equipes, conduzindo a resultados que transcendem as métricas financeiras tradicionais.
A missão, a visão e os valores de uma empresa servem de limites e de orientação claros sobre o que se deve fazer, como fazer e onde se quer chegar. Essas orientações não podem ser meros registros. Devem se desdobrar em guias de conduta para todos, em todos os níveis da empresa.
Construindo Cultura ESG na Liderança
A liderança deve ir além do discurso. É imperativo que líderes incorporem os princípios ESG em suas decisões diárias e na gestão de suas equipes. Estudos da Deloitte destacam que uma cultura ESG robusta começa com líderes que praticam o que pregam. São líderes que criam políticas e práticas empresariais refletindo valores de responsabilidade social e ambiental.
A prática se aplica à pontualidade com os compromissos, o respeito no tratamento das pessoas, a transparência na divulgação e nos relatórios e a seriedade em enfrentar os problemas que possam surgir.
Engajamento e Educação Continuada
Líderes têm o poder de promover a educação continuada e o desenvolvimento profissional de sua equipe. Esses aspectos são essenciais para manter a empresa na vanguarda das práticas ESG. Para isso, investir em formação específica para líderes e colaboradores é uma estratégia para melhorar competências internas. mas também é uma maneira de demonstrar o compromisso da empresa com o crescimento sustentável e responsável.
As pessoas dentro da empresa devem perceber o quanto são valorizadas quando estudam e se aplicam a solucionar os problemas. Essa percepção de que os problemas precisam ser enxergados, estudados e sanados com ações corretas moral e tecnicamente se espalha na empresa. Dessa forma, compõe-se uma cultura cooperativa dentro da organização.
A Liderança e os Stakeholders
A liderança eficaz em ESG também envolve engajar outros stakeholders – colaboradores, investidores e comunidades locais. Líderes que estabelecem um diálogo aberto e honesto com todos os stakeholders demonstram transparência. Assim, podem construir confiança, fortalecendo a reputação e a marca da empresa no processo.
Esta postura de abertura ao diálogo complementa ideia anterior de atenção aos problemas. Deve refletir humildade por compreender que ninguém tem todas as respostas e apenas na colaboração e cooperação entre visões diferentes, saberes diversos é possível chegar às soluções mais completes, ainda que sempre temporárias.
Pensar que setores diferentes de uma empresa podem construir soluções melhores se trabalharem juntos deve ser uma perspectiva valorizada e incentivada pelas lideranças. É importante identificar as possíveis competições danosas evitando a evasão de talentos. Aceitar profissionais corajosos, que apontam os problemas, é um sinal de inteligência da liderança.
Para concluir
Os líderes de hoje têm a oportunidade de moldar o futuro não apenas de suas organizações, mas da sociedade como um todo. Ao incorporar o ESG como uma parte inegociável da estratégia corporativa, líderes não só promovem uma operação empresarial ética e sustentável, mas também pavimentam o caminho para o sucesso a longo prazo em um mercado cada vez mais consciente e exigente.
